CODÓ, MA — A recente visita do pré-candidato ao governo do Maranhão, Orléans Brandão, ao tradicional terreiro do Mestre Bita do Barão, em Codó, gerou reações incômodas em um dos segmentos mais estratégicos de sua pré-campanha: a base evangélica e conservadora do estado.
A passagem de Orléans Brandão pelo local, um dos principais centros de referência das religiões de matriz africana no país, repercutiu de forma imediata entre lideranças religiosas e apoiadores que historicamente o enxergam como um representante de valores ligados ao campo evangélico e à direita maranhense.
O desconforto se explica pela imagem construída até aqui: Orléans Brandão vem se consolidando no cenário político local com apoio de nomes ligados ao conservadorismo, como Aluísio Mendes, Mical Damascena, Maura Jorge e Dr. Yglesio, figuras associadas à pauta de costumes, segurança pública e forte presença junto a igrejas evangélicas, principalmente a Assembleia de Deus.
Para setores desse grupo, a visita a um terreiro de umbanda, especialmente o de Mestre Bita, símbolo da religiosidade afro-brasileira em Codó, foi interpretada como um gesto que contrasta com o discurso de defesa de valores cristãos que marca parte da militância que o sustenta politicamente.
Codó é historicamente reconhecida como um importante centro de cultos afro-brasileiros e mantém viva a tradição do Tambor de Mina e da Umbanda. O terreiro de Mestre Bita do Barão segue como referência nacional e ponto de grande valor simbólico.
Embora assessores de Orléans Brandão justifiquem o ato como uma demonstração de respeito à diversidade religiosa do estado, onde diferentes tradições convivem, a movimentação reforçou tensões internas na pré-campanha. Aliados mais próximos reconhecem, reservadamente, que o episódio abriu espaço para críticas dentro de grupos evangélicos que têm grande influência em bases eleitorais de várias regiões.
A visita foi vista também como um indicativo de que Orléans Brandão pode buscar alianças fora do núcleo mais fechado do conservadorismo, aproximando-se de lideranças comunitárias, culturais e religiosas que não orbitam o mesmo campo ideológico de parte de seus atuais apoiadores.
Nos bastidores, a preocupação é que a polêmica desgaste parte da confiança de segmentos que historicamente se mobilizam de forma organizada e decisiva em disputas estaduais. Especialistas em política local observam que o equilíbrio entre ampliar apoios e manter a base fiel é um desafio que Orléans Brandão terá de administrar nos próximos meses.
Enquanto isso, o tema segue repercutindo em reuniões e grupos religiosos, indicando que a polêmica não deve ser encerrada tão cedo, e poderá influenciar os próximos passos do pré-candidato na costura de apoios para 2026.

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