O grupo político que
sucedeu o então
governador Flávio Dino e
elegeu Carlos Brandão
(PSB) em 2022 deve
chegar ainda mais
rachado à eleição no
Maranhão do próximo
ano.
Sem um líder político no estado hoje, grupos
buscam um rearranjo para tentar capturar o
espólio eleitoral de Dino, o que vem
causando tensão nos bastidores das
negociações de olho em quem vai disputar
—e com que apoios— o governo
maranhense em 2026.
O cenário hoje tem governador e vice,
Carlos Brandão (PSB) e Felipe Camarão
(PT) rachados, tentando cada um emplacar
um nome para sucessão. Ao mesmo tempo,
isso vai abrindo espaço para um
crescimento nas pesquisas do prefeito de
São Luís, Eduardo Braide (PSD), na corrida
pelo Palácio dos Leões.
Entenda o contexto
Brandão foi vice-governador de Dino por 7
anos e 3 meses (2015-2022) e foi o
escolhido para ser o candidato do grupo.
Nome pouco à esquerda, ele foi uma
escolha pessoal de Dino pelo critério de
lealdade ao longo do período em que
estiveram juntos no poder.
A escolha de Brandão, porém, foi
questionada pelo histórico político dele —
então filiado ao PSDB, assinou com o PSB
apenas em 2021, partido de Dino à época,
para ser candidato ao governo.
Ainda em 2022, o grupo já havia se dividido:
Brandão disputou e venceu no primeiro turno
o governo contra Weverton (PDT), também
da base de Dino —que sagrou-se eleito com
folga senador. Brandão ganhou a eleição
com 51,2% dos votos válidos já em primeiro
turno.
A partir da posse, parte do grupo ligado a
Dino começou a perceber que acordos não
estavam sendo cumpridos. Entre outros
movimentos, criticaram a aproximação com
a família Sarney: Adriano Sarney (PV) virou
presidente da MOB (Agência de Mobilidade
Urbana).
E a ligação não vem apenas por esse cargo:
o MDB no estado, partido que o ex-
presidente José Sarney e seus
descendentes lideraram, hoje é presidido por
Marcus Brandão, irmão do governador.
Ao assumir, Brandão teria deixado de
cumprir um acerto de apoiar o nome de
Othelino Neto (Solidariedade) para reeleição
da presidência da Assembleia a partir de
2023. Sem o apoio, ele saiu da disputa para
"dar" a vaga para Iracema Vale (PSB),
apoiada por Brandão.
Othelino anunciou, em 30 de abril de 2024,
que estava deixando a base do governo
Brandão e trocou o PCdoB pelo
Solidariedade, partido que passou a
comandar no estado.
A ligação de Othelino com Dino é pública: a
esposa do deputado estadual, Ana Paula
Lobato (PCdoB), foi a escolhida para ser a
primeira suplente na chapa de 2022 e foi ela
quem herdou a cadeira dele no Senado com
a saída para o STF.
Em novembro de 2024, Othelino tentou
recuperar a presidência, mas empatou na
votação dos deputados com a mesma
Iracema e acabou perdendo a cadeira por
causa da idade inferior a de Iracema. A
escolha, porém, foi questionada por aliados
de Dino, que avaliaram até judicializar o
caso, sem sucesso.
Ana Paula Lobato foi escolhida primeira suplente de Flávio Dino
Imagem: Reprodução/Instagram
Sabe-se que Dino se afastou de Brandão
ainda no começo do governo. Já fora da
política, teria dito a aliados próximos que a
escolha dele como seu sucessor foi o seu
"maior erro político" na carreira.
Mas Dino também sabe que segue como um
nome influente no estado. No último dia 9,
ele foi a São Luís proferir uma palestra e se
referiu ao vice-governador —que também
estava no palco— como um eventual
candidato ao governo de 2026 e brincou ao
sugerir sua vice, em uma "chapa imbatível".
Isso gerou críticas de pessoas ligadas a
Brandão, que passaram a replicar a fala de
Dino com um tom crítico e sugerindo até um
desvio ético.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL)
protocolou no Senado, no último dia 15, um
pedido de impeachment de Dino por
"ativismo político".
Felipe Camarão foi uma escolha pessoal de
Dino para ser vice de Brandão e sempre foi
tratado como o candidato natural daquele
grupo para 2026. Por estar no PT, terá apoio
certo do presidente Lula, algo considerado
fundamental no estado.
O chefe do executivo
maranhense, no
entanto, vem tentando
emplacar como
sucessor o nome do
seu sobrinho Orleans
Brandão, atual
secretário de Assuntos
Municipalistas.
Orleans Brandão,
sobrinho do governador
do Maranhão
O MDB já sinalizou que
apoia o nome do familiar.
Prefeito lidera pesquisas
Em meio ao racha, o
nome que desponta
hoje para a disputa ao
governo do Maranhão
é o do prefeito de São
Luís, Eduardo Braide,
que deve renunciar ao
cargo até o início de
abril de 2026 para
concorrer à cadeira
Prefeito Eduardo Braide
durante posse de sua
reeleição em 1º de janeiro
Imagem: Divulgação
hoje ocupada por Brandão.
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Braide lidera as pesquisas de intenção de
voto até aqui e, no cenário atual, aparece
como o nome a ser alcançado. Nos
bastidores, porém, a classe política tem uma
visão cética sobre o sucesso eleitoral dele.
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