Em tempos em que a democracia é diariamente testada em suas estruturas mais essenciais, a renovação partidária passa, inevitavelmente, pela coragem das mulheres que ousam ocupar espaços antes cativos aos homens. Em Imperatriz do Maranhão, a segunda maior cidade do estado, essa coragem se traduz em uma articulação vigorosa de um grupo de mulheres petistas, que decide, com altivez e clareza política, disputar a direção local do Partido dos Trabalhadores.
Adriana, Nalda, Vânia, Regina Célia e outras representam, cada uma a seu modo, trajetórias que se entrelaçam no compromisso com a transformação social. Adriana, mulher de escuta, firme e ação direta, conhece de perto os labirintos da política regional; Vânia, militante das bases, foi candidata a deputada federal em 2022 e a vice-prefeita, no ano passado, ela faz a ponte entre as demandas populares e as estratégias institucionais; Reginalda um “pejoteira” (Pejoteira: quer dizer militante da PJ, a Pastoral da Juventude) aguerrida, liderança de bairro; Já Regina Célia carrega consigo não apenas os traços de uma intelectual comprometida com a causa feminista, professora da UEMASul, mas, a memória viva de uma militância forjada nas lutas populares dos anos 1990.
Regina Célia é uma dessas figuras que o tempo não apaga — pelo contrário, o tempo a consagra. Professora da Universidade Estadual do Sul do Maranhão, sua atuação acadêmica nunca se descolou da prática política. Ela não apenas resistiu: ela formou, inspirou e liderou. Ela é uma das pedras fundadoras de [minha] própria consciência política.
A chapa tem na “cabeça” Regina e articulada por essas e outras mulheres vem se colocando à escuta da coletividade para um centro do projeto petista em Imperatriz. Está à frente do PT de Imperatriz é um marco. Em um espaço historicamente disputado pelos homens, a emergência feminina é um gesto radical de renovação e reposicionamento. Um gesto que diz: “não estamos aqui por concessão, mas por direito!”.
A construção dessa candidatura coletiva nasce de reuniões, escutas e pactos. Não é resultado de imposições verticais nem de estratégias personalistas. Ao contrário, é um movimento horizontal que aposta na pluralidade de trajetórias e saberes. E como toda construção política verdadeira, também tem suas fraturas, tensões e ajustes. As “quebraduras”, como se diz no linguajar popular, não são fraquezas, porém demonstrações de maturidade e transparência. Mulheres que debatem, que divergem e que se fortalecem nos embates mostram que estão preparadas para enfrentar desafios muito maiores.
Por enquanto, trata-se de chapa única, mas o Processo de Eleição Direta, o PED, tem seus prazos com eleições em julho e até lá o campo está aberto. A diferença é que, neste caso, a unidade não é sinônimo de acomodação, entretanto de compromisso coletivo com a mudança. E o que elas propõem é mais que uma alternância de nomes: é a construção de um novo projeto organizativo, voltado para o diálogo com a juventude, com os movimentos sociais, com a periferia, com os trabalhadores e trabalhadoras que esperam do PT mais ação concreta.
O grupo tem clareza de que a disputa interna também é simbólica. Não se trata apenas de um cargo, mas, sim de redefinir o rosto do partido em uma cidade estratégica. Imperatriz não é apenas a segunda maior cidade do Maranhão: é uma encruzilhada política e econômica da Região Tocantina. Ter uma mulher na presidência do PT em um território de disputas tão intensas é afirmar que o partido se reinventa a partir de suas raízes populares, e que a luta por igualdade de gênero, deu uma característica do partido, não é pauta secundária — é central.
O gesto dessas mulheres ecoará além dos muros partidários. É uma convocação para que mais mulheres se organizem, se reconheçam e se preparem para os enfrentamentos políticos que ainda virão. E também bem venham se filiar. É também um alerta para aqueles que se habituaram ao conforto da permanência: a política está mudando. E muda com elas.
Quem conhece a história do PT sabe que os avanços vieram sempre com muita luta. E nesta nova etapa. Que essa chapa se fortaleça, que dialogue, que avance. Que Regina Célia, Vânia, Adriana, Reginalda e outras, inspirem outras tantas. Que o partido saiba escutar o que essas mulheres têm a dizer. Porque elas não querem apenas ocupar o espaço. Elas querem transformá-lo. E têm legitimidade e coragem de sobra para isso.
O blog se compromete a estar informando mais sobre esse assunto e trazer as diretrizes da campanha de Regina Célia.
Comentários
Postar um comentário