Tive a honra de representar o Maranhão como deputado federal por dois anos. Assumi o mandato como primeiro suplente após a saída do titular, eleito prefeito de sua cidade.
Desde o início, encarei minha missão parlamentar com seriedade, buscando deixar um legado para minha região, para o Maranhão e para meus filhos. Durante meu mandato, estive constantemente entre os vinte melhores parlamentares do Brasil, segundo pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro divulgada pela Revista Veja. Nunca fugi de pautas importantes e utilizei minhas emendas para levar benefícios concretos ao meu estado.
Entrei na política inspirado por grandes legisladores e bons deputados, muitos deles maranhenses. No entanto, o cenário atual é desolador. A política deu lugar a um verdadeiro comércio, onde votos são comprados e vendidos sem pudor. Muitos parlamentares sequer pisam em algumas cidades, limitando-se a despejar quantias milionárias em campanhas. Eleitores votam em presidente de uma corrente ideológica e, ao mesmo tempo, elegem deputados de outra, sem qualquer coerência. Fala-se em fortalecimento dos municípios, mas, na prática, o que se fortalece são apenas bolsos individuais.
A maioria dos parlamentares – estaduais, federais e senadores – não representa a população. Suas decisões são pautadas por interesses financeiros, negociando votos em troca de emendas públicas ou secretas, cujo destino nunca é claramente divulgado. Ao concluir meu mandato, além de defender as pautas em que acreditava, fiz questão de tornar públicas todas as obras e benefícios viabilizados pelas minhas emendas. Muitas dessas melhorias permanecem até hoje.
É intrigante ver parlamentares maranhenses destinando de R$ 50 milhões a R$ 500 milhões por ano sem prestar contas à população. Mais preocupante ainda é a passividade dos eleitores diante dessa falta de transparência. Durante meu tempo no Congresso, o limite de emendas individuais girava em torno de R$ 15 milhões – e muitos deputados sequer conseguiam metade desse montante.
Tenho refletido muito sobre o que está acontecendo com a população. Porque, sobre o destino das emendas e sobre a conduta da maioria dos deputados, todos já sabem a resposta.
O povo paga impostos abusivos sobre tudo – energia, telefonia, água, comida – e parece não perceber que é o seu suor que sustenta toda essa estrutura.
Diante desse cenário, resta a pergunta: é parlamentar ou pra lamentar?
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